Souvenir #18 - Prazer em me conhecer
Partes de mim que encontrei ao explorar um mundo desconhecido
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Dia nublado e cinzento em Vitória-ES, o que não coincide muito com a intensidade que foram os últimos doze dias por aqui.
Desde que chegamos e paramos de planejar os próximos destinos, a vida na cidade rapidamente nos engoliu. Mas hoje, essa brisa gelada me trouxe lembranças de viagem. Uma passagem no tempo de quem eu era, quem eu me tornei e quem estou construindo para o futuro depois de experimentar tantas vidas em uma. Partes de mim que encontrei ao explorar um mundo desconhecido.
Muito mais do que ter conhecido um pouco do que há de melhor na América do Sul, de desembolar o meu español e ter ainda mais certeza de que existem mais pessoas boas do que ruins no mundo, não tenho dúvidas de que viajar me tornou uma pessoa melhor e mais autêntica.
A viagem me trouxe mais autoconfiança. Passei a acreditar mais na minha capacidade de enfrentar os desafios e confiar na minha coragem e intuição. O frio na barriga é hoje uma das minhas sensações favoritas na vida, pois sei que dali virá algo novo e eu adoro uma novidade. Mesmo que seja uma experiência terrível, eu dou meu jeito de espremer a coisa até sair algo bom ou útil dali.
As crises, hoje, não me assustam tanto. Carro quebrado no meio do nada, abordagem de polícia corrupta, Google Maps sacaneando mandando para a estrada errada, imprevistos financeiros, dificuldade de comunicação em um idioma diferente (um clássico dos viajantes), coisas que quebram ou que somem, burocracias infinitas. Perdi as contas de quantas vezes nos deparamos com situações complicadas. Finalmente, entendi que quanto mais eu me exponho ao mundo, maior é a probabilidade de que os riscos se materializem e as dificuldades apareçam. Tudo tem um preço. Mas, eu nunca quis viajar dentro de uma redoma. Passar perrengue está incluso no pacote e procurar lidar com essa parte menosprezada pode trazer ensinamentos únicos.
Me descobri habilidosa em me reinventar e criar soluções criativas. Afinal, é bom resolver os problemas, não é mesmo? À medida que a quantidade de perrengues aumentava, eu desenvolvia ainda mais a minha paciência e capacidade criativa para solucionar os abacaxis que surgiam. Aprendi a controlar melhor o lado reativo e desesperado que habita o meu ser, atributos normais entre nós seres humanos comuns, mas que nem sempre ajudam na hora do sufoco.
Se desafiar e sair da zona de conforto foram as melhores ferramentas de autoconhecimento que eu experimentei até hoje. Terapia é muito bom, já fiz e recomendo — inclusive, foi com ela que iniciei o meu processo de sair do piloto automático. No entanto, ao meu ver, nada supera a prática, a vivência. Por isso, viajar para mim sempre foi mais do que ver lugares e conhecer pessoas. Foi a minha ferramenta. Todas as palavras que escrevi até aqui talvez nunca se juntariam ou demorariam um pouco mais para serem conectadas se eu escolhesse o caminho mais percorrido. A viagem me apresentou a mim mesma de novas maneiras, em diversas paisagens, com diferentes desafios.
E foi um prazer me conhecer.
Cabe a cada um de nós descobrir quais são as nossas ferramentas. Tenho certeza que viajar, para mim, é uma delas. Mas, não é a única, e estou animadíssima para descobrir o que mais eu posso explorar.
💡 Inspire-se…
Maratonei em dois dias os treze episódios de Not Dead Yet, disponível na Star+. Uma série leve e divertida que, com um pouco de fantasia, traz várias reflexões sobre a vida. Episódios curtos e atuação encantadora da Gina Rodriguez.
Me identifiquei com esse texto do
sobre o movimento como uma busca de novas referências. Seja se movendo pelo mundo ou movendo os móveis da sala. Adoro essa ideia de mudar o cenário para expandir as possibilidades de um novo amanhã.Para finalizar, uma música boa :)
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Mais um texto que não sinto o tempo passar, muito bom =)
Parabéns pelo texto. Linda