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Escrevo diretamente de um posto de combustível em Vilhena, no estado de Rondônia. Ouvindo umas músicas bem sofrência que vêm da caixa de som do posto, porque pelo visto o sertanejo reina por aqui. Sertanejo e gado, muito gado. Pasto e mais pasto nessa longa BR que estamos percorrendo.
Durante esses dias de estrada, me vi pensando em como os meus dramas pessoais mudaram com o passar dos anos. Parece óbvio, mas achei interessante ao mesmo tempo. Fiquei pensando em como isso só reforça o poder que o tempo, a vivência e a paciência têm em nossa vida. Parece mágica, mas no fim, com um pouco de atenção e carinho, tudo se ajeita.
Dentro do meu mundinho cheio de privilégios (eu sei), o que tirava meu sono há 10 ou 15 anos atrás, hoje é só uma sombra que aparece de vez em quando, dependendo da posição da luz.
Justificando minha fama de chorona e emotiva, confesso que as questões amorosas já foram um dramalhão mexicano na minha vida. Eu fui uma adolescente um pouco exagerada, sofrida ao extremo. Dessas que lia a Capricho para tentar entender por que ele não liga. Achava que um relacionamento era tudo ou nada.
Há pouco tempo, percebi que hoje o relacionamento amoroso, no caso meu casamento, é a única escolha estável que experimento nessa fase da vida. Meus trinta e poucos anos começaram com riscos, aventuras e incertezas. Não tenho emprego fixo, não tenho casa fixa, estou longe da família e do círculo social que venho criando desde a infância, vivo literalmente na estrada, na minha Sprinter convertida em motorhome. Está tudo flutuando e o que me ajuda a me manter no chão é o meu relacionamento. Quem diria. Achei isso surpreendente. A Thayná de antigamente então, nem se fala — essa vai ao delírio.
Às vezes eu até me esforço para encontrar problema na vida a dois, é da minha natureza. Meu marido que lute (te amo). Mas, sinceramente, é mais costume do que reflexo da realidade. Depois de tanto tempo vivendo dramas adolescentes, um relacionamento maduro e estável parece até filme de sessão da tarde. Nesse caso, a parte que vem depois do “final feliz”.
Claro que temos nossas questões e nossas implicâncias, principalmente. Ainda mais agora, vivendo em 5 m², praticamente 24h por dia juntos. A maior distância que conseguimos ter um do outro dentro de casa não chega nem a 3 metros. Mas, a forma que essa vida foi construída fez com que os eventuais atritos sejam momentâneos, geralmente por besteira. O mais importante é que os nossos planos de vida são comuns.
Sabemos que o que vivemos hoje, a parte boa e a não tão boa, faz parte do futuro que enxergamos juntos. E, frequentemente, conversamos sobre o assunto nos incontáveis quilômetros que percorremos na nossa casa itinerante. Alinhamento de expectativas. Constante. Um grande segredo para que o nosso relacionamento seja resistente mesmo nos perrengues do dia a dia.
A Thayná adolescente acreditava que o amor sempre ia fazer doer o coração, sofrência pura. Quem bom que ela (eu) estava enganada. Hoje, meus dramas são outros. A palpitação no peito aparece por motivos distintos. Carreira e maternidade, por exemplo, são questões incertas que pairam sobre minha mente e que o “mundo externo” faz questão de me relembrar que estão ali para atormentar meus pensamentos.
Quando vocês vão ter filhos? Vai viver de que? Pensa em trabalhar com o que?
Não sei, não sei, não sei — uma resposta que satisfaz a curiosidade alheia apenas por algumas semanas, até que as perguntas voltem a ser feitas. Tudo bem, (ainda) não me importo em responder. Algum dia, terei essas respostas — aí, eles vão lá e mudam as perguntas. Um lindo ciclo dos infernos.
Em meio a todo esse não saber, meu relacionamento amoroso é uma das minhas poucas certezas nos dias atuais. A amizade, parceria e a vida que construímos deu trabalho. Agora, estou na paz colhendo os frutos.
Demorei a perceber tudo isso que relatei. Mas, ao entender esse processo único, uma espécie de evolução das questões pessoais (e por que não minha como pessoa), me vem uma pontinha ainda maior de confiança no futuro. O que parece incerto hoje é apenas temporário. No fim, tudo se ajeita. Só precisa de um pouco de atenção e carinho.
Lá num futuro distante, eu sei que ainda vou criar meus dramas. Eu sou assim, sempre procurando um problema para resolver. Talvez a reforma da casa, a espera ansiosa pelos netos ou a calvície do meu marido. Não sei. Mas, acredito que não serão mais os mesmos incômodos de hoje.
Aos poucos, o que imaginei ser uma grande questão vai se resolver e ficar no passado, deixando para o presente apenas os frutos a serem apreciados (ou não — risos). O amadurecimento é uma conquista lenta, porém contínua. Só precisa de um pouco de atenção e carinho.
💭 Mudando de assunto...
Me ajuda? Em nossa passagem por Rio Branco, no Acre, ganhamos uns 2 quilos de banana da terra, que eu adoro.
O problema é que eu já esgotei minha criatividade com modos de preparo. Você tem alguma sugestão de receita para me tirar da mesmice? Obrigada (:
P.S.: tenho fogão e forno, tá? A casa é pequena, mas é ajeitadinha.
💡 Inspire-se…
Para não começar a ver Friends pela trigésima quarta vez, comecei a ver Modern Family, pela segunda vez, apenas. Que seriado maravilhoso para relaxar e rir. Se você ainda não assistiu, vai lá e seja feliz. Esse está no Star Plus.
Li um texto no instagram escrito pela Mariana Bittencourt que me lembrou muito a minha fase antiga de relacionamentos. Vale a leitura desse e de outros textos dela.
O podcast
conversou com a , uma das brasileiras pioneiras aqui no Substack falando sobre a rede e a criação de Newsletters. Para quem está, assim como eu, começando, é bem legal para entender melhor a ferramenta e o seu uso.
Se você quer deixar o seu apoio, mas é tímido para comentar, perceba que tem um coraçãozinho lá embaixo 🤍, no fim desse conteúdo. Se você curtiu o meu texto, aperta ali para eu saber que você leu e gostou. É sempre bom receber um incentivo de quem está aqui me lendo.
O assunto da estabilidade é fascinante. Eu tinha tudo estável até outubro do ano passado (casa, trabalho, relacionamento). Larguei tudo e hoje estou reconstruindo. Os três ainda estão bem instáveis, mas muito melhores do que no começo do ano. Só o que não dá é estar instável em todos ao mesmo tempo. Eu não sei como sobrevivi sem enlouquecer.
Que coisa mais linda Thay 😍😍😍